sexta-feira, 23 de abril de 2010

Cervejas velhas é que são boas!

Por motivos alheios à nossa vontade, tivemos que novamente transferir nossos equipamentos para outro local. Na verdade voltamos para o reduto onde começamos a fazer cerveja, ao lado do antigo canaril que havia na casa da dona Judite (mãe do Diogo e detentora do local onde a fábrica está instalada).

Sabem como é mudança: sempre surgem aquelas coisas antigas que você não sabia onde estavam. E com nossas cervejas não foi diferente. Surgiram cervejas que achávamos que não existiam mais.

Tirando uma dubbel que fizemos há dois meses, a cerveja mais “nova” que provamos foi fabricada no mês de maio/2009. Ou seja, há quase um ano. A mais velhinha delas foi fabricada em janeiro/2008. Mais de dois anos!

E pra fazer inveja nos degustadores de plantão, ressuscitamos uma Joinville Porter que fabricamos para o concurso da Eisenbahnn em outubro/2008!

Veja algumas fotos. Não reparem na qualidade nem no “cenário” das fotos. Como diria o Diogo, nosso negócio é fazer cerveja!

Começamos com uma American Pale Ale feita em Janeiro/2008, cuja receita está no site da Gräbenwasser. O detalhe é que ela recebeu polpa de amoras pretas e mais açúcar durante a maturação. Ficou com cerca de 7% ABV.


Não, não é uma Belle-Vue! Apenas aproveitamos a garrafa e a rolha. E deu certo!

Incrível como ficou cristalina devido ao tempo de maturação. Também reduziu a percepção de álcool e os sabores de fruta e lúpulo estavam mais suaves. Estava muito boa. Maturou muito bem esta cerveja.

Depois passamos para uma Dubbel, que fizemos para o concurso da Eisenbahn agora em Fevereiro. Visto que a produção foi muito em cima da hora, a cerveja não estava bem maturada por ocasião do concurso. Diria que ainda está muito cedo para bebê-la. Mas está ótima de sabor e aromas. Vai ficar muito boa com o tempo (quem sabe “esquecemos” umas garrafas por uns 2 anos).




Seguindo com a degustação, abrimos uma Weizenbock produzida em julho/2008, cuja produção foi registrada neste blog. Tinha cerca de 8% ABV. A garrafa que abrimos teve adição de cacau em pó à solução de primming. Interessante perceber que agora o sabor do cacau estava melhor inserido na cerveja do que meses atrás. O tempo ajudou esta cerveja com certeza! Se vasculhar, acho que ainda tem uma ou duas garrafinhas pra quando ela fizer 2 anos...





Partimos para outra velhinha: uma Winter Ale que fizemos em maio/2009. Esta cerveja foi feita pensando nas cervejas de inverno alemãs: além de alguns maltes especiais, teve adição de mel, raspas de casca de laranja, cravo e canela no final da fervura. O interessante é que o cítrico da laranja e a diminuição do corpo devido à fermentação do mel deixaram esta cerveja relativamente leve. Acabamos chamando-a de “Winter Summer Ale”, pois com certeza seria uma boa cerveja de verão.





Apesar de ser uma cerveja com pouco mais de 6%ABV, até que se comportou bem com o tempo. Sabores dos temperos quase imperceptíveis. Continuou bem balanceada, como estava no início.

E pra fechar com chave de ouro (preto), uma maravilhosa Joinville Porter versão Gräbenwasser – feita com a legítima água da valeta!
Essa cerveja faz parte da produção original que fizemos para participar do concurso da Eisenbahn. Foi fabricada em outubro/2008.







Incrível como a versão caseira é melhor do que a versão industrial. Obviamente, converter uma produção caseira para escala industrial não é tão simples, o que fez com que houvesse diferenças pequenas – mas houve.

A versão caseira da JP tem menos sabor de maltes cristais e é mais lupulada – tanto no sabor como no amargor. Diria que o “conjunto” é melhor balanceado.

Foi uma das melhores cervejas que provamos nos últimos tempos. Obviamente, além de muito boa, a degustação foi influenciada pelo sentimentalismo dos “pais” da criança...



Em resumo, foi muito bom perceber que cervejas caseiras que são refermentadas na garrafa têm um prazo de validade muito grande. Claro que para a maioria das cervejas degustadas um prazo tão longo não é o ideal. Também é interessante notar como as cervejas mudam suas características com o tempo.

Se você é cervejeiro caseiro, faça como nós: esqueça algumas garrafas da sua produção num canto escuro qualquer e depois de alguns meses (ou anos) abra pra ver como ficou. Você vai se impressionar com o resultado!

Um comentário:

Jean disse...

Prezado Ivan,

E dizem que fazer mudança é uma coisa ruim... quem disse não tinha cervejaria...
Abraço,

Jean Claudi